O estágio permanente do luto
Não sei quem criou a teoria dos cinco estágios, mas sei, por experiência própria, que o luto nunca acaba de verdade.
Depois da aceitação, o luto não vai embora. Na minha humilde opinião, ele adormece.
Às vezes um sono leve e tranquilo em que as lembranças mais gostosas embalam nossos sonhos e nos fazem sorrir ao lembrar de alguém ou algo que vivemos juntos.
Outras um sono conturbado, com pesadelos alterando um ou mais fatores do passado, trazendo quem quer que seja pra perto e nos enganando com experiências etéreas vívidas, tão reais quanto eu e você.
A verdade é que perder alguém é como deixar escapar um balão de hélio pelos céus e nunca ter a certeza de qual momento ele estourará.
Pode ser que um determinado tema se transforme em algo muito sensível e te faça fugir dele como o diabo foge da cruz.
No entanto, também existem aquelas vezes em que, submersa na mais alta dose de normalidade do cotidiano, você se deixa distrair por um único segundo e aquela lembrança triste vem te dar um soco no estômago.
Novembro se tornou um mês agridoce pra mim em 2020.
Ao mesmo tempo que minha época favorita do ano se aproxima e eu me divirto enchendo a casa de Papais Noéis, eu lembro daquele fatídico dia 27 ao meio dia quando minha avó finalmente descansou da vida terrena.
E apesar de não ter mais o meu avô aqui há quase 20 anos, toda vez que eu conto alguma história dos dois eu percebo, um pouquinho mais, o quão sortuda eu fui de tê-los como meus avós.
Acho que isso vai reafirmando que é preciso focar nos momentos felizes que vivemos juntos e por eu ter tido a oportunidade de ser tão próxima dos dois, fui tão mimada como neta e, principalmente, como a única neta menina.
No dia de hoje, em que um feriado insiste em parar um dia útil para lembrar de quem se foi, eu só posso agradecer pela minha família.
Desejar que ambos recebam muita luz e torcer que o nosso reencontro – seja quando e em qual plano for – esteja escrito nas estrelas. ✨
